Diante do risco de
falta d’água em Paraíba do Sul, prefeito Marcinho quer anular a resolução da
Agência Nacional de Águas que reduziu a vazão do rio
“Estão matando o Rio Paraíba do Sul. E querem deixar nossa
população sem água. Vamos à Justiça para defender o abastecimento de água em
nossa cidade”. Foram com essas duras palavras que o prefeito de Paraíba do Sul,
Marcinho, reagiu na manhã desta quinta-feira (04) após, pelo segundo dia
consecutivo, visitar as margens do Rio Paraíba do Sul e o sistema de captação
de água que abastece a cidade. A situação, afirma o prefeito, está a ponto de
se tornar caótica e a previsão é que o nível do rio, o único que abastece o
município, diminua ainda mais nos próximos dias.
A crise, que deixou a administração municipal em estado de
alerta, foi deflagrada na última segunda-feira (01), após a publicação da
Resolução nº 1.309 da Agência Nacional de Águas (ANA), que reduziu a vazão do
Rio Paraíba do Sul na Barragem de Santa Cecília, em Barra do Piraí. Desde então
o prefeito tem acompanhado pessoalmente o caso, que para ele trata-se de “uma
medida de bastidores, que não resolve o problema de São Paulo e não leva em
consideração os prejuízos à população sul-paraibana e dos demais municípios da
região”.
Prefeitura está
desassoreando as margens
Na manhã desta quinta, o prefeito Marcinho deslocou alguns
funcionários das secretarias de Obras e do Ambiente que em regime de urgência
estão tentando desassorear as margens do Paraíba do Sul, nas proximidades do
sistema de captação da CEDAE. De acordo com funcionários da empresa, o nível do
Rio Paraíba do Sul na cidade é um dos mais baixos dos últimos 30 anos e a
tendência é de que a situação piore nos próximos dias.
A Prefeitura de Paraíba do Sul pede a atenção de todos os
moradores da cidade para o problema e solicita que evitem o desperdício de
água. A Procuradoria Geral do Município vai acionar a Justiça para pedir a
anulação da resolução da ANA.
Entenda o caso
A Agência Nacional de Águas (ANA) decidiu
reduzir, pela terceira vez neste ano, a vazão mínima da Barragem de Santa
Cecília, no Rio Paraíba do Sul. A medida, motivada para “preservar os estoques
de água disponíveis” e publicada no Diário Oficial da União da última
segunda-feira (01), pode causar uma grande crise no abastecimento de água na
cidade de Paraíba do Sul.
Além da redução na vazão da barragem, a região
enfrenta um dos mais prolongados períodos de seca das últimas décadas. Por
isso, a Prefeitura de Paraíba do Sul já está em estado de alerta quanto à
possibilidade de desabastecimento em alguns bairros e pede para que toda
população colabore evitando o desperdício de água.
De acordo com informações da CEDAE, o nível do
Rio Paraíba do Sul na cidade está baixando rapidamente. De acordo com a
empresa, a medição do rio está no nível 5, quando o normal para esta época do
ano é entre 8 e 10. Caso chegue ao nível 3, Paraíba do Sul viverá uma situação
dramática.
Transposição
do Rio Paraíba do Sul é outro grande risco
A proposta do Governo de São Paulo de realizar
a transposição do rio é outro fator que causa preocupação direta em Paraíba do
Sul. O projeto foi anunciado oficialmente em março e abriu a atual crise entre
São Paulo e Rio de Janeiro, podendo afetar diversos municípios fluminenses
cortados pelo Paraíba do Sul, além da capital.
De acordo com a Secretaria Municipal do
Ambiente e Agricultura, caso a transposição seja realizada, de fato, Paraíba do
Sul vai ter alguns impactos negativos diretos como a diminuição do volume do
rio na região e queda no abastecimento de água, além da transferência de
poluentes. Segundo a Secretária Municipal do Ambiente e Agricultura, Nathália Mafra,
há uma série de ações que já estão em prática e podem ser ainda mais eficientes
com a parceria da população: "Estamos fazendo fiscalizações diárias para
impedir que mais construções sejam edificadas nas margens do rio Paraíba e
demais ribeirões, para proteger nossas águas desde já. Recomendamos que ninguém
ocupe várzeas, encostas de morros e margens de rios e córregos para evitar
tragédias durante os períodos chuvosos. Além disso, uma medida que cada morador
pode contribuir é vital para aumentar a capacidade de absorção da água da
chuva. Recomendamos aos sul-paraibanos que pelo menos 25% do terreno do imóvel
esteja sem pavimentação, porque isso também ajuda a evitar alagamentos. A
impermeabilização excessiva do solo sobrecarrega os sistemas de drenagem urbana",
explicou.
Nathália também enfatizou a importância da
preservação das matas ciliares, citando o Parque Fluvial da Beira Rio como o
maior exemplo deste tipo de ação no município. Além disso, a Secretária pede
que os moradores denunciem desmatamento de áreas verdes, mesmo em terrenos
particulares e nas margens de rio, considerando uma tarefa de grande
importância. Por fim, evitar o desperdício: "Precisamos evitar o
desperdício de água para não sofrermos no futuro e depende de cada
sul-paraibano fazer sua parte.
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