sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Crise do Rio Paraíba do Sul “Estão matando o Paraíba do Sul. Vamos à Justiça para defender o abastecimento de água em nossa cidade”, afirma prefeito



Diante do risco de falta d’água em Paraíba do Sul, prefeito Marcinho quer anular a resolução da Agência Nacional de Águas que reduziu a vazão do rio

“Estão matando o Rio Paraíba do Sul. E querem deixar nossa população sem água. Vamos à Justiça para defender o abastecimento de água em nossa cidade”. Foram com essas duras palavras que o prefeito de Paraíba do Sul, Marcinho, reagiu na manhã desta quinta-feira (04) após, pelo segundo dia consecutivo, visitar as margens do Rio Paraíba do Sul e o sistema de captação de água que abastece a cidade. A situação, afirma o prefeito, está a ponto de se tornar caótica e a previsão é que o nível do rio, o único que abastece o município, diminua ainda mais nos próximos dias.


A crise, que deixou a administração municipal em estado de alerta, foi deflagrada na última segunda-feira (01), após a publicação da Resolução nº 1.309 da Agência Nacional de Águas (ANA), que reduziu a vazão do Rio Paraíba do Sul na Barragem de Santa Cecília, em Barra do Piraí. Desde então o prefeito tem acompanhado pessoalmente o caso, que para ele trata-se de “uma medida de bastidores, que não resolve o problema de São Paulo e não leva em consideração os prejuízos à população sul-paraibana e dos demais municípios da região”.

Prefeitura está desassoreando as margens
Na manhã desta quinta, o prefeito Marcinho deslocou alguns funcionários das secretarias de Obras e do Ambiente que em regime de urgência estão tentando desassorear as margens do Paraíba do Sul, nas proximidades do sistema de captação da CEDAE. De acordo com funcionários da empresa, o nível do Rio Paraíba do Sul na cidade é um dos mais baixos dos últimos 30 anos e a tendência é de que a situação piore nos próximos dias.


A Prefeitura de Paraíba do Sul pede a atenção de todos os moradores da cidade para o problema e solicita que evitem o desperdício de água. A Procuradoria Geral do Município vai acionar a Justiça para pedir a anulação da resolução da ANA.

Entenda o caso
A Agência Nacional de Águas (ANA) decidiu reduzir, pela terceira vez neste ano, a vazão mínima da Barragem de Santa Cecília, no Rio Paraíba do Sul. A medida, motivada para “preservar os estoques de água disponíveis” e publicada no Diário Oficial da União da última segunda-feira (01), pode causar uma grande crise no abastecimento de água na cidade de Paraíba do Sul.

Além da redução na vazão da barragem, a região enfrenta um dos mais prolongados períodos de seca das últimas décadas. Por isso, a Prefeitura de Paraíba do Sul já está em estado de alerta quanto à possibilidade de desabastecimento em alguns bairros e pede para que toda população colabore evitando o desperdício de água.

De acordo com informações da CEDAE, o nível do Rio Paraíba do Sul na cidade está baixando rapidamente. De acordo com a empresa, a medição do rio está no nível 5, quando o normal para esta época do ano é entre 8 e 10. Caso chegue ao nível 3, Paraíba do Sul viverá uma situação dramática.

Transposição do Rio Paraíba do Sul é outro grande risco
A proposta do Governo de São Paulo de realizar a transposição do rio é outro fator que causa preocupação direta em Paraíba do Sul. O projeto foi anunciado oficialmente em março e abriu a atual crise entre São Paulo e Rio de Janeiro, podendo afetar diversos municípios fluminenses cortados pelo Paraíba do Sul, além da capital.

De acordo com a Secretaria Municipal do Ambiente e Agricultura, caso a transposição seja realizada, de fato, Paraíba do Sul vai ter alguns impactos negativos diretos como a diminuição do volume do rio na região e queda no abastecimento de água, além da transferência de poluentes. Segundo a Secretária Municipal do Ambiente e Agricultura, Nathália Mafra, há uma série de ações que já estão em prática e podem ser ainda mais eficientes com a parceria da população: "Estamos fazendo fiscalizações diárias para impedir que mais construções sejam edificadas nas margens do rio Paraíba e demais ribeirões, para proteger nossas águas desde já. Recomendamos que ninguém ocupe várzeas, encostas de morros e margens de rios e córregos para evitar tragédias durante os períodos chuvosos. Além disso, uma medida que cada morador pode contribuir é vital para aumentar a capacidade de absorção da água da chuva. Recomendamos aos sul-paraibanos que pelo menos 25% do terreno do imóvel esteja sem pavimentação, porque isso também ajuda a evitar alagamentos. A impermeabilização excessiva do solo sobrecarrega os sistemas de drenagem urbana", explicou.

Nathália também enfatizou a importância da preservação das matas ciliares, citando o Parque Fluvial da Beira Rio como o maior exemplo deste tipo de ação no município. Além disso, a Secretária pede que os moradores denunciem desmatamento de áreas verdes, mesmo em terrenos particulares e nas margens de rio, considerando uma tarefa de grande importância. Por fim, evitar o desperdício: "Precisamos evitar o desperdício de água para não sofrermos no futuro e depende de cada sul-paraibano fazer sua parte.

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